Israel lançou uma série de ataques na madrugada desta sexta-feira (13/6) contra alvos nucleares e militares em diversas regiões do Irã, inclusive na capital Teerã. O governo israelense disse que a ação envolveu 200 caças e destruiu a principal usina de enriquecimento de urânio do país, matou 20 dos principais comandantes da Guarda Revolucionária, além de seis dos principais cientistas nucleares iranianos. Um oficial israelense afirmou que o Irã estava prestes a concluir a construção de uma arma nuclear e que tinha capacidade de produzir 15 bombas em poucos dias.
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, disse que o país fará Israel se arrepender do que chamou de ato tolo, com medidas firmes em defesa legítima da integridade territorial do país. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou os ataques e disse que este era o início de uma operação prolongada, batizada de Leão Ascendente.
O Repórter Brasil Tarde entrevistou o mestre em relações internacionais Uriã Fancelli e o professor de política internacional Paulo Velasco, para ajudar a entender o contexto e os possíveis desdobramentos do ataque de Israel ao Irã.
De acordo com Uriã, os ataques têm diversas consequências, primeiramente para o próprio Israel. É uma vitória política para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que vinha sofrendo muita pressão da população. Cerca de 70% dos israelenses acham que ele deveria aceitar algum tipo de acordo que pudesse trazer os reféns feitos pelo grupos Hamas de volta para país. Com a operação, ele consegue ganhar um pouco de tempo, até porque conseguiu eliminar algumas das principais lideranças militares do Irã.
Mas Uriã considera que, para a região, os ataques levam para um novo espiral de violência, que não há prazo para terminar, porque não se sabe até o momento como vai ser a resposta iraniana. Dependendo da maneira como o Irã responder, Israel se verá na obrigação de retalhar novamente.
O professor de política internacional Paulo Velasco também vê uma escalada de violência no Oriente Médio. Ele considera os ataques israelenses feitos para enfraquecer a capacidade nuclear iraniana, além de neutralizar lideranças militares, como algo bastante estratégico. Mas, para o professor, não interessa a Teerã e nem a Tel Aviv de fato entrar em uma guerra ampla, porque isso poderia complicar muito a situação de ambos do ponto de vista econômico. E um conflito de grandes proporções também causaria muitos danos às duas nações. Velasco lembra que Irã produziu uma grande capacidade autônoma de misseis e drones. É um país de envergadura militar importante, que não chega à musculatura militar de Israel, mas em uma eventual guerra aberta certamente poderia estremecer muito a geopolítica do Oriente Médio e a geopolítica global de maneira mais geral.
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